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Livros que eu gostaria de ver na minha estante

Há um tempo, conversando com uma amiga, ela falou que a coisa mais fácil do mundo seria dar presentes a mim. Tenho que concordar. E mesmo assim, ainda existe uma parente minha que todos os anos me dá dinheiro ao invés de presente. Com minha mãe ocorre o mesmo. Só que ela me dá o cartão e diz: “compre aí seu presente”. Não façam isso com suas crianças. Sério.

Então falei para a Camila [a amiga que citei anteriormente] que faria uma lista de presentes que muito me deixariam feliz, e postaria no blog. À princípio, fiquei na dúvida se postaria filmes [sim, eu compro filmes e originais, galëre, não é pirata não], mas acabei me decidindo por fazer uma lista apenas com livros. Então, segue aí 10 livros desejados por minha humilde pessoa e, claro, sugestões de leitura. Alguns eu ainda não li, mas tenho altas expectativas.

 

1. As Ondas, Virginia Woolf

 

Em janeiro deste ano concluí a leitura desse livro que é considerado um dos mais importantes de Virginia Woolf. Também foi o primeiro livro que li da escritora e fiquei fascinada pelo fato de que não é o tipo de livro que você lê e atira na estante pra nunca mais pegar. Não. É o livro que você quer ler todos os anos pelo resto da sua vida. Fiz um texto sobre ele neste post.

 

2. A Dominação Masculina, Pierre Bourdieu


Pois é. Eu quase tive esse livro. Uma confusão nos estoques do Submarino colocou tudo a perder. Todas as vezes que me acho com dinheiro suficiente, ocorre de A Dominação Masculina estar esgotado em todas as lojas online. Nas livrarias daqui eu até já procurei, mas é bem difícil achá-lo em Teresina. Talvez tenha na livraria Nova Aliança, mas é preciso paciência de Jó pra procurar algo naquela bagunça infernal. Fiquei obcecada com este livro do Bourdieu quando fazia uma atividade de cadastramento de livros na iniciação científica e li alguns trechos.

 

3. Os Que Bebem Como Os Cães, Assis Brasil

Tem edição nova, mas infelizmente não achei nenhuma imagem. Enfim, Os Que Bebem Como Os Cães é o livro que eu DEVERIA ter lido pro vestibular. Mas, por uma conjunção de fatores, isso não aconteceu. =~~

Então, o li ano passado. É um livro doloroso e visceral. Até hoje me pergunto como passou pela ditadura.

 

4. A Arqueologia do Saber, Michel Foucault

 

O livro do careca. Tenho apenas dois livros do Foucault. E os dois são transcrições de aulas: A Ordem do Discurso e Os Anormais. O primeiro eu já li. O segundo li alguns trechos. Não sei, mas deu na telha de querer pegar uma obra mais central dele. A Arqueologia do Saber é que me deixa mais curiosa.

 

5. Caprichos e Relaxos, Paulo Leminski

 

Lembra minha infância. Sem falar que leio poucos poemas e as poucas coisas que já li do Leminski gostei bastante. 😀

 

6. Modernidade e Holocausto, Zygmunt Bauman


Já li também alguns livros do Bauman. Quando peguei o último volume dele que comprei – Modernidade e Ambivalência – percebi que ele se detém bastante nessa questão da Segunda Guerra. E fiquei com vontade de ler este outro que deve ser mais aprofundado.

 

7. As Criadas, Jean Genet


Sim, eu leio peças. E As Criadas é baseada no caso das irmãs Papin, que foi fonte de inspiração e estudo para gente como Lacan, Peter Jackson e o próprio Genet.

 

8. O Império do Efêmero, Gilles Lipovetsky


Esse foi indicação de uma professora. A gente tava levando um lero sobre as incertezas do mundo moderno e como ela é formada em Moda, me indicou esse livro. Também nunca li nada do Lipovetsky e ele é bastante citado por Bauman. Uma coisa somada a outra só me deu mais vontade de ler.

 

9. Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar?, António Lobo Antunes

Nunca li Saramago e não que eu não tenha vontade de lê-lo. Tenho. Mas se há um escritor português que quero ler mais agora é o Lobo Antunes. O fato de ele ser psiquiatra também me deixa mais curiosa sobre seu texto.

 

10. Olha Como Eu Te Amo, Luis Leante

Tomei conhecimento desse livro através da revista Bravo. Nem gosto da Bravo, mas tanto faz. Gostei da sinopse dele e também por ser uma edição da Alfaguara que tem um formato editorial bem bonito.

 

 

Bem, essa é minha listinha. 😀

As Ondas, Virginia Woolf

Ao terminar de ler As Ondas, procurei resenhas sobre o livro e encontrei poucas. Isso é meio desapontador porque o livro é excelente e eu não sou arrogante para achar que minha interpretação é a melhor e a mais completa.

Enfim, a edição que li é da editora Nova Fronteira e com tradução de Lya Luft, que considero uma senhora muito corajosa pela tentativa de trazer um texto desses para o português. Mesmo sabendo que Lya Luft ocupa um lugar de importância na literatura nacional, traduções sempre são complicadas. Muito acaba se perdendo.

Há dois anos que estava com este livro aqui em casa. E deixei de lê-lo por um comentário meio intimidador de alguém. Peço a você, que se tem intenção de ler As Ondas, não caia no mesmo erro que eu. Não é um livro difícil de ler, embora, provavelmente, seja muito diferente da maioria dos livros que você já leu.

De forma geral, temos seis personagens neste livro de Virginia Woolf – Susan, Rhoda, Jinny, Bernard, Neville e Louis. Em pouco mais de 200 páginas, acompanhamos esses personagens desde a infância até a idade adulta. Mas não com um formato narrativo convencional, pois sabemos o que sabemos e só sabemos pelos sentimentos de cada um deles, esboçados em monólogos escritos diretamente.

Em alguma das poucas coisas que encontrei e li, havia a menção ao fato de que Virginia Woolf eliminou a ação da narrativa. Eu discordo disso. A ação pode não estar lá da forma como aparece em romances convencionais, mas está lá sim, traduzida nos anseios, nos embates, nos encontros e desencontros dos personagens.

E falando em personagens, vem uma questão interessante e que, no meu entender, enriquece ainda mais essa obra. A relação de alteridade entre eles é bem marcada. Isso se explicita, principalmente, no modo como cada um estabelece relações com Percival, personagem que não tem voz direta como os outros, mas que funciona como elo entre eles. Contudo, há algo que ficou martelando a minha mente depois de terminar As Ondas: não seriam Susan, Rhoda, Jinny, Bernard, Neville e Louis um só? Enfim, leia. Eu certamente vou reler esse livro infinitas vezes. É gostoso de ler e requer a releitura.